sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Um Pé de Quê Baobá Parte 2

Um Pé de Quê Baobá Parte 1


Memórias de Baobá – Cem anos de ancestralidade africana no Passeio Público 

O baobá, também conhecido como embondeiro ou imbondeiro é uma árvore cuja semente é nativa da África, continente que possui a maior diversidade, com sete espécies. Na maior parte da África é considerada uma árvore sagrada que não deve ser cortada. No Brasil, inicialmente foi trazida por sacerdotes africanos na época do escravismo criminoso e foi plantada em diversos estados do país, principalmente em Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Ceará. Árvore gigante, o baobá pode atingir 30 metros de altura e 45 metros de largura e viver por centenas de anos, 2000 e até 6000 anos. Símbolo importante da ancestralidade africana e árvore nacional do Madagascar, o baobá tradicionalmente propicia(va) em torno dele, reuniões dos conselhos de anciões e rituais de oferendas. Elemento da tradição oral africana, dele se colhem, além de água, vitaminas, frutos, cabaças, folhas, flores e sementes, um acervo ancestral de histórias repletas de ensinamentos e memórias de toda sorte contadas no chão, ao pé da árvore. Inspiração para a lira d@s poetas, também gera frutos matemáticos, através da criação de jogos como o awalé ou mancala, portador de raciocínios e valores filosóficos profundos.

O Ceará tem o privilégio de possuir vários baobás, a maioria não catalogada. Só em Fortaleza existem no mínimo seis, sendo o único reconhecido oficialmente e tombado pela Prefeitura, o baobá do Passeio Público, que nesse ano faz exatos 100 anos. Pela sua importância enquanto símbolo da contribuição e resistência negras no país, o NACE – Núcleo das Africanidades Cearenses, escolheu comemorar Zumbi dos Palmares e o mês da Consciência Negra pelo baobá, no intuito de torná-lo referência da presença e cultura negras do Ceará. Num estado que até há pouco teimava em renegar sua ascendência africana e talvez nem tenha percebido a mão divina que impulsionou a plantá-lo em local tão centralizado, o baobá do Passeio Público ergue seus braços, implorando reconhecimento da ancestralidade africana para o Criador. E o Criador, ao olhar para o baobá, certo de sua força de anunciação, enxerga mais um recanto da África em nossa Fortaleza.

Cabe a nós, empoderad@s pelo sentimento de conexão ancestral que o baobá nos instiga, trazer à vida, aos olhos da cidade, o corpo negro que habita em tod@ cearense.
Axé!